Temer corta R$11 milhões do IFC

Verba de 11,7 milhões era conquista das Reitorias de IFC e IFSC junto à bancada catarinense no Congresso

Foto: Lula Marques
Foto: Lula Marques

 

Sem provocar alarde, o governo Temer, num canetaço, escoou mais 2 bilhões de reais dos orçamentos de Ministérios como da Saúde, Educação, Cultura, Justiça e Desenvolvimento Social. A verba foi para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), conforme indicou a Lei 13.633, publicada no último dia 12 de março.

De redação curta, a nova lei traz em seu artigo 1º a abertura de crédito para o Fundo e, em seu 2º artigo, anula os valores previstos na Lei do Orçamento para investimentos de diversos Ministérios. Do total de 2 bilhões, 600 milhões foram cortes no Ministério da Educação, e R$278 milhões dos Institutos Federais. Deste montante, R$23,5mi viriam para Santa Catarina, com IFC e IFSC respondendo cada um por metade deste valor, cerca de R$11,7mi.

Lista MEC cortes Lei 13633
Cortes no Ministério da Educação atingiram Institutos, Universidades Federais e Hospitais Universitários. Total de cortes nos IFs superou os R$278 milhões

 

R$50mi de emendas parlamentares negociadas no ano passado evaporaram

Em agosto do ano passado, as gestões de IFC e IFSC anunciavam que suas Reitoras, Sônia Regina Fernandes e Maria Clara Schneider, realizaram visita aos representantes de Santa Catarina no Congresso (Câmara e Senado), onde foram recebidas para uma Audiência Pública com a presença de 12 dos 16 parlamentares do estado.

Após a visita, a reitora do IFC, Sônia Regina Fernandes, afirmou em entrevista para os meios de comunicação do Instituto que o valor solicitado na época era “fundamental para darmos continuidade a obras paralisadas, para a construção de refeitórios, moradia estudantil, salas de aula e laboratórios”. A Reitora declarou ainda que os recursos seriam utilizados para estruturar adequadamente os campi já existentes do Instituto, “como forma de garantir o acesso à qualidade de ensino e a permanência dos estudantes no IFC”.

Visita contou com Audiência Pública com parlamentares, como mostra foto da Assessoria da Deputada Geovania de Sá
Visita contou com Audiência Pública com parlamentares, como mostra foto da Assessoria da Deputada Geovania de Sá

 

Na mesma ocasião, o Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFC, Robert Lenoch, dizia que o valor solicitado pelos Institutos, na casa dos R$50 milhões, seria utilizado para adequar as estruturas físicas dos campi mais antigos: “são necessárias adequações aos campi preexistentes para que a legislação atual seja cumprida, principalmente quando tratamos da garantia de acessibilidade aos nossos imóveis”. Após os sucessivos cortes, nenhum centavo do que havia sido negociado junto a bancada chegará aos Institutos.

Orçamento para manutenção do Instituto está mantido, cortes afetam investimentos

Mesmo com o corte, a gestão do IFC garante que o orçamento para manter as atividades do Instituto não foi afetado. De acordo com o Pró-Reitor de Administração do IFC, Stefano Moraes Demarco, “não é um percentual do orçamento previsto que se perde, mas sim um recurso à parte que não é considerado para as despesas correntes da unidade”.

Segundo ele, o recurso seria utilizado em ações que o orçamento do Instituto atualmente não cobre, dada a falta de reajustes que compensem a inflação dos últimos anos. Demarco afirmou também que o cancelamento destes valores “fará com que o Instituto não consiga realizar todo o seu planejamento de investimentos (obras e equipamentos) no exercício” e, por isso, o IFC busca alternativas para obter recursos extras.

Entre estas alternativas, estão quatro emendas parlamentares individuais, até o momento mantidas, totalizando R$550 mil. Outros R$3 milhões também estão acordados com a SETEC, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC. “Até o final do exercício, pretendemos obter mais recursos extra-orçamentários, de forma a contemplar boa parte das necessidades de nossos campi, que foram impactados pelo corte da emenda”.

Mesmo barrada, reforma da previdência foi “motor” do corte

O repasse destes recursos para o Fundo de Participação dos Municípios foi uma “conquista” da pressão dos prefeitos antes, durante e depois de uma reunião com o governo federal realizada no final do ano passado. Na época, Temer direcionava seus esforços para aprovar a Reforma da Previdência, e os prefeitos acenavam com a possibilidade de pressionarem suas bancadas para aprová-la caso houvesse aumento dos recursos para o Fundo. Esses recursos, de acordo com as entidades que reúnem centenas de prefeitos, como a Confederação Nacional dos Municípios e a Associação Brasileira de Municípios, iriam para cidades em situação de emergência financeira.

Temer e ministros receberam presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, em novembro do ano passado. Foto: Alan Santos/Gabinete da Presidência
Temer e ministros receberam presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, em novembro do ano passado. Foto: Alan Santos/Gabinete da Presidência

No dia 29 de dezembro de 2017, último dia útil do ano, era anunciada a Medida Provisória 815. A MP, que ainda está em tramitação no Congresso, confirmava o adendo de R$2 bilhões ao FPM, e trazia em seu texto a aplicação destes recursos “preferencialmente” nas áreas da saúde e da educação.

A Lei publicada em março definiu, enfim, a origem deste montante: os cortes em programas e investimentos em diversas áreas do governo, desde a Saúde até a Defesa, passando por Educação, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Justiça.

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