Que direção? [Nossa Voz]

O governo Bolsonaro avança no processo de destruição da educação pública. Os recorrentes bloqueios orçamentários e o anúncio do Future-se mostram um projeto de entrega da educação, em todos os níveis, para o setor privado. Em meio a isso, as direções sindicais parecem estar em estado de dormência, sem organizar uma efetiva luta.

O governo saiu vitorioso em seu primeiro grande embate, ainda que bastante desgastado. O texto originalmente apresentado da Reforma da Previdência, que previa colocar as aposentadorias em um sistema de capitalização, foi modificado. Além de mudança no texto original, uma grande parte dos parlamentares condicionou o seu voto à liberação de emendas parlamentares.

Bolsonaro também segue seu combate à educação. O Future-se significa a restruturação da educação superior, passando o controle de parte de suas atividades para a iniciativa privada. As instituições de ensino estariam voltadas à realização de produtos vendáveis, em estreita parceria com empresas, que direcionariam a produção de pesquisa para o atendimento de seus interesses.

O Future-se nada mais é do que a consolidação e o aprofundamento do que já está em andamento. Como lembraram as declarações da maior parte dos reitores, o processo de construção de acordos com empresas e de escoamento do conhecimento para a venda de produtos está em andamento há muito tempo. Curiosamente muitos destes reitores parecem se orgulhar de ter aberto as portas de suas instituições para a privatização, travestindo essas ações numa propaganda de “inovação” e “empreendedorismo”.

Nesse processo de ataques, as direções sindicais pouco fizeram. Embora tenham sido chamados atos e mobilizações, não se construiu pela base uma grande greve geral. As principais direções dos trabalhadores estão limitadas à esperança de que o parlamento possa ser um espaço de disputa.

Em meio ao imobilismo dos sindicatos, a previdência pública vai sendo destruída e a educação fica cada vez mais distante da maior parte da população. Permanece viva a necessidade de construir uma ampla greve geral, para barrar os ataques de Bolsonaro e derrubar seu governo.

Nossa Voz publicado originalmente na edição impressa 08 do boletim EDUC>ação (agosto/setembro 2019).

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